Em resposta aos EUA, Brasil nega práticas desleais e diz não reconhecer legitimidade da investigação

BRASÍLIA – O Ministério das Relações Exteriores (MRE) enviou nesta segunda-feira, 18, uma defesa ao United States Trade Representative (USTR) — o Escritório do Representante Comercial dos EUA — sobre as acusações de práticas desleais de comércio por parte do Brasil, na Seção 301. O Itamaraty afirmou que não reconhece a legitimidade das acusações e que a Organização Mundial do Comércio (OMC) é o único foro apropriado para a solução de impasses comerciais.

“O Brasil reitera sua posição de longa data de que a Seção 301 é um instrumento unilateral inconsistente com os princípios e regras do sistema multilateral de comércio. O Brasil não reconhece a legitimidade de investigações, determinações ou potenciais ações retaliatórias tomadas fora do arcabouço legal da OMC, que é o único e apropriado foro para a solução de disputas comerciais entre seus Membros”, afirmou o Itamaraty em documento enviado ao USTR.

O governo brasileiro disse também que o Brasil mantém um regime comercial “aberto e baseado em regras” e que as práticas brasileiras são “razoáveis, justas, equitativas e não discriminatórias”.

O Itamaraty disse rejeitar “veementemente” as alegações feitas na Seção 301 sobre práticas desleais brasileiras e que o mecanismo adotado pela USTR é um instrumento inconsistente com as regras do sistema multilateral de comércio.

A investigação sobre o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, foi anunciada no dia 15 de julho.

O que diz a USTR e como o MRE rebate

A representação comercial americana acusa o Brasil em seis temas:

  1. Acesso ao mercado de etanol do Brasil
  2. Desmatamento ilegal
  3. Falhas na fiscalização de medidas de anticorrupção
  4. Tarifas preferenciais injustas
  5. Proteção da propriedade intelectual
  6. Políticas relacionadas ao comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, o que inclui o Pix

Na defesa, o governo contesta os argumentos americanos.

Na época da abertura da investigação, o Estadão/Broadcast mostrou que o governo enxergava a medida como uma investida econômica dos EUA para embasar o tarifaço em motivos econômicos e até mesmo evitar contencioso local.

Na resposta protocolada pelo MRE, assinada pelo ministro Mauro Vieira, o governo brasileiro disse que os acordos comerciais e as políticas tarifárias brasileiras não oneram nem restringem o comércio com os EUA. O USTR afirmou que “o Brasil reduziu tarifas de forma injusta e preferencial ao celebrar acordos comerciais preferenciais de escopo parcial com certos grandes parceiros comerciais, ao mesmo tempo que prejudicou os Estados Unidos ao aplicar tarifas mais altas às importações norte-americanas”, em referência às tarifas preferenciais do Brasil com Índia e México.


Fonte: Estadão

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