Haddad: Temos de pensar em como agregar valor a minerais críticos, e não só exportar como commodity
BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 12, que os três Poderes precisam pensar “estrategicamente” em como tratar dos minerais críticos de terras raras brasileiras.
Minerais críticos são aqueles considerados essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética. Incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.
Essa discussão voltou à tona em meio às negociações do tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente norte-americano, Donald Trump, uma vez que osEstados Unidos demonstraram interesse pelo segmento.
O padrão brasileiro é exportar commodity. E nós devemos pensar nesse caso específico, porque é um caso muito especial, não é como minério de ferro. Tem muitos lugares. Aqui não. Aqui você tem concentração no Brasil. Em poucos países da China tem muito, no Brasil tem muito. E por isso que a turma fica de olho no território nacional”, disse Haddad.
Nós tínhamos que pensar uma forma de agregar valor a esse minério”, completou, durante participação na Comissão Mista que analisa a Medida Provisória (MP) alternativa ao IOF.
Ele lembrou que o governo brasileiro chegou a discutir com o governo dos Estados Unidos, na gestão do ex-presidente Joe Biden, a possibilidade de joint ventures no Brasil para produção de baterias no País e para a transferência de tecnologia.
Nós chegamos a começar esse entendimento. E eu espero que nós possamos fazer com a Europa, com a China, com os Estados Unidos, que são nossos parceiros, fazer acordos de cooperação tecnológica para agregar valor no Brasil”.
Ele defendeu que o Brasil não seja “um simples exportador de mais uma commodity” e afirmou que esse debate não pode ser adiado.
Na mira dos EUA
Em 24 de julho, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar,manifestou interesse norte-americano nos minerais críticos e estratégicos do País, segundo membros do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) que se reuniram com o representante norte-americano.
No início de agosto, Haddad afirmou que vê possibilidade de que sejam firmados acordos de cooperação com os Estados Unidos envolvendo o segmento.
“Nós temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes na área tecnológica”, disse o ministro em entrevista àBandNews.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, tem apresentado um posicionamento mais resistente ao assunto. No último dia 24, ele afirmou durante cerimônia de entregas do governo federal em Minas Novas (MG) que “aqui ninguém põe a mão”, ao citar petróleo, ouro e “minerais ricos”.
Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse, em recado a Trump. Como mostrou o Estadão, o governo Lula discute lançar uma política nacional voltada à atração de investimentos em minerais críticos antes da COP-30, em Belém (PA). Segundo apurou o Estadão/Broadcast, um dos eixos discutidos é a emissão de debêntures incentivadas no setor minerário.
Fonte: Estadão