Paraná aponta impacto para setores como madeira e cerâmica e anuncia pacote de crédito
No Paraná, o governador Ratinho Júnior (PSD) anunciou um pacote que inclui a liberação de créditos do ICMS para que as empresas vendam esses valores no mercado ou usem como aval para novos empréstimos.
O governo estadual também estuda beneficiar exportadores com uma renegociação de empréstimos na Fomento Paraná e no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e fazer um aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) para novos empréstimos com juros mais baixos. Outra medida é exigir todas as contrapartidas de empresas que receberam benefícios tributários ao se instalarem no Estado.
As tarifas anunciadas por Donald Trump impactam principalmente o setor de madeira no Paraná, que vendem desde de madeira cerrada até painéis prontos para os norte-americanos, mas também afeta fabricantes de cerâmica, café solúvel, peças para máquinas, peixes e mel. “Tem cidade aqui que metade da economia depende de uma fábrica que é exportadora para os Estados Unidos”, disse o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, ao Estadão, ao citar o caso de Bituruna (PR).
Todas as medidas em estudo se restringem a empresas que vendem para os Estados Unidos e forem afetadas. Só em financiamentos, o Estado pretende usar R$ 80 milhões do seu orçamento para alimentar linhas de crédito, que podem chegar a R$ 400 milhões.
Essa medida (o tarifaço) é uma pancada, vai na contramão de tudo que foi construído até hoje e impõe uma barreira competitiva grandiosa para um país como o Brasil, que tem os Estados Unidos como o segundo maior país com quem faz comércio”, afirmou Ortigara. “Podíamos cruzar os buracos, deixar o setor privado choramingando, quebrando e demitindo, mas decidimos agir.”
Rio de Janeiro cria grupo de trabalho para estudar medidas
O governo do Rio de Janeiro criou um grupo de trabalho para elaborar estudos que avaliem os impactos da taxação na economia fluminense. “Com a medida, o governo do Estado terá um diagnóstico real de como os setores econômicos do Estado serão atingidos e quais medidas poderão ser tomadas para atenuar os efeitos do chamado ‘tarifaço’, previsto para entrar em vigor em agosto”, afirmou a assessoria do governador Cláudio Castro (PL) ao Estadão.
O Rio é o segundo Estado que mais exporta para os EUA, especialmente petróleo refinado e semimanufaturados de ferro e aço. “Nosso compromisso é construir uma defesa sólida, tanto técnica quanto política, dos interesses do Estado do Rio de Janeiro. O Grupo de Trabalho reunirá representantes de diversos setores produtivos, sem viés ideológico e com alto grau de tecnicidade, para avaliar de forma pragmática os impactos da nova tarifa”, disse Castro na semana passada, ao lançar o grupo de trabalho.
Rio Grande do Sul lança programa de crédito com R$ 100 milhões a exportadores
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSD) anunciou um programa de crédito de R$ 100 milhões por meio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), para socorrer exportadores gaúchos que vendem para os EUA. Os juros serão equalizados com recursos do Fundo Impulsiona Sul, que é instituído pelo banco, e ficarão entre 8% e 9% ao ano para capital de juro.
Além do juro subsidiado, o prazo de pagamento será de 60 meses, com 12 meses de carência. “Isso garantirá um fôlego para empresas enfrentarem eventual queda de demanda enquanto vigorarem as tarifas”, disse o governo do Rio Grande do Sul à reportagem.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) estima perda R$ 1,92 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, com impacto em setores como produtos de metal, máquinas e materiais elétricos, madeira, couro e calçados. Dentro do segmento de produtos de metal, por exemplo, armas e munições têm 85,9% da produção exportada para os Estados Unidos.
Espírito Santo estuda medidas de curto e médio prazos
No Espírito Santo, as conversas com os principais setores atingidos estão a cargo do vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), que se reuniu nesta segunda-feira, 28, com segmentos que podem sofrer impacto do tarifaço.
Em conversa com o Estadão, ele afirmou que ainda não há decisão tomada sobre as medidas, mas o foco será mitigar o impacto no curto prazo, para depois ajudar esses setores a redirecionar as exportações para outros mercados, em outro momento.
Queremos cuidar primeiro do emergencial, depois ajudar as empresas a mudar a estratégia; não é simples alterar um mercado para outro. Cada mercado tem uma especificidade”, afirmou.
Enquanto Ferraço conversa com os setores internamente, o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB) mantém contato com o governo federal por meio de Alckmin. O Estado exporta cerca de US$ 10 bilhões em produtos por ano, com 30% desse total direcionado para o mercado americano. Ferraço diz que uma grande preocupação é com o impacto sobre o pequeno negócio.
“Estamos traçando o diagnóstico, nossa preocupação é com nível de emprego, a prioridade é a manutenção dos micro e pequeno empresários, que não têm os mesmos arranjos das grandes empresas”, explicou.
Ele entende que o impacto sobre o Espírito Santo será amplo, atingindo desde setores estruturados, como siderúrgico e de celulose, que incluem empresas como Arcelor e Suzano, como pequenos produtores rurais de café, gengibre e mamão, e extração de rochas ornamentais. “A abertura da nossa economia, do Espírito Santo, é muito grande. Os segmentos com mais presença no exterior são aço, derivados de ferro, celulose, café, pimenta do reino, rocha ornamental, mamão, gengibre. É um conjunto com enorme diversidade e diferenças de estruturas”, disse. /Com Alvaro Gribel
Fonte: Estadão