Presidente da CNI critica aumento de IOF e defende tributar bets e big techs

BRASÍLIA – O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, criticou nesta segunda-feira, 25, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e defendeu que o governo tribute mais as bets e as bigtechs e poupe o setor produtivo.

“Se temos que buscar algum tipo de equação de equilíbrio, temos outras soluções. Não podemos onerar o setor produtivo, porque, no fim, quem paga é o consumidor. Não é o setor produtivo, não é a indústria; é o consumidor.”

Em evento pelo Dia da Indústria, em Brasília, ele agradeceu o posicionamento do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), contra o aumento de impostos no X, ex-Twitter.

“Agradeço ao deputado Hugo Motta pela posição pública diante do aumento da carga tributária. Não somos contra o Brasil, mas somos a favor do equilíbrio e do bom senso”, afirmou o presidente da CNI.

Segundo ele, o setor produtivo está disposto a dialogar e construir alternativas. “Contem conosco não apenas para criticar e para dizer não, mas para encontrar as soluções.”

A manifestação ocorre em meio ao debate sobre o decreto que aumentou o IOF sobre operações de crédito para empresas. Em manifesto com outras entidades empresariais, divulgado nesta segunda-feira, 26, a CNI já havia alertado que a mudança encarece o financiamento e pedia a intervenção do Congresso.

“O grande ponto é que não cabe mais espaço no setor produtivo ou até mesmo para a nossa economia aumento de carga (tributária). Esse é um ponto pacífico. Eu esperava que o assunto já estivesse superado”, declarou o dirigente a jornalistas.

O presidente da CNI respondeu ainda à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que mais cedo minimizou as críticas do setor privado e disse que a indústria entenderia o aumento do IOF, uma vez que entende o aumento da taxa de juros pelo Banco Central para conter a inflação.

A indústria não entende a alta dos juros. Isso não é o nosso pensamento. Nosso pensamento é muito simples. Política monetária, se ela precisa ser mais restritiva, porque a política fiscal é expansionista, existem várias ferramentas de política monetária. Não existe uma única política monetária que se restringe a juros. Essa é a mais imediatista”, afirmou.

Alban se queixou também da Medida Provisória do setor elétrico, editada na última quarta-feira, 21, que amplia o programa Tarifa Social para a população de baixa renda mas onera os demais consumidores, entre os quais a grande indústria, que passará a compartilhar mais a conta dos subsídios do setor energético com a classe média. “Não podemos aceitar pagar essa conta. Não é possível que tenhamos os menores custos de produção e geração de energia e os maiores preços”, afirmou Alban, sublinhando que a disputa por eficiência da indústria no mundo hoje ocorre por meio da busca por fontes de energia mais baratas.


Fonte: Estadão

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