Para Rabobank, há risco sistêmico com salto de recuperações judiciais

O “crescimento indiscriminado” da recuperação judicial no agronegócio brasileiro preocupa a presidente do Rabobank Brasil, Fabiana Alves. O número de pedidos disparou, principalmente entre os pequenos produtores. Na visão dela, trata-se de um instrumento legítimo, mas usado de forma inadequada. Muitos casos, avalia a executiva, poderiam ser resolvidos por meio de reestruturação de dívida. “O número de recuperações judiciais está crescendo mais do que faz sentido. Então, mais do que uma preocupação com a inadimplência ou com os clientes que estão financeiramente pressionados, temos uma preocupação sistêmica quanto à segurança jurídica da recuperação judicial”, afirmou ao Estadão/Broadcast, durante passagem pela cidade de Nova York.

Freio de arrumação na cadeia

A executiva defende um “freio de arrumação” no agro, que carece de maior conscientização sobre o impacto da recuperação judicial na “bancabilidade” futura dos tomadores. No Rabobank, ela diz não haver grande preocupação com o portfólio.

Depois de crescer 10% na safra 2024/25, o Rabobank prevê desaceleração do crédito no ciclo atual. “Esperamos uma boa safra, talvez não nos níveis recordes”, diz Alves. Com isso, a meta de alcançar um portfólio de US$ 20 bilhões na América do Sul pode atrasar. Hoje, o total é de US$ 16 bilhões, sendo US$ 12 bilhões no Brasil.

Na onda

A Supra Sementes, marca do grupo GDM, quer ampliar a presença no mercado de sorgo com três novos híbridos no Brasil. O plano integra um investimento de R$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento na área de grãos, previsto para os próximos cinco anos. A ideia é atender à expansão da cultura, que deve saltar dos atuais 2,5 milhões de hectares neste ano para 5 milhões em 2031, segundo o diretor de negócios, Pedro Duque. “O sorgo deixou de ser a última opção do produtor para ser alternativa viável, com custo 40% menor que o do milho”, diz Duque.

Com foco

A empresa projeta crescimento de 6% a 7% ao ano – acima da média de mercado –, também puxado pelas sementes de milho, segmento em que é a quarta maior do Brasil. A expectativa da empresa é de aumento da demanda por cereais pela indústria de etanol, impulsionada pela política do E30 (mistura de 30% de etanol na gasolina). Líder em Minas Gerais, a empresa mira para o sorgo a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), além de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Sustentável

A Cargill fechou acordo com a Universidade de São Paulo (USP) para pesquisar o uso de plantas de cobertura em lavouras. O projeto, batizado de CCrops, terá duração de três anos e envolverá pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) em experimentos de campo em cinco Estados. Segundo o professor Maurício Cherubin, da Esalq, as plantas de cobertura são práticas essenciais para aumentar o sequestro de carbono e melhorar a saúde do solo.

Mapeamento

A BoviChain, startup de rastreabilidade baseada em blockchain, captou R$ 7 milhões em rodadas com investidores-anjo. O negócio opera com 92 mil bovinos em 14 fazendas-piloto no Centro-Oeste e deve faturar R$ 90 milhões em 2026. A receita virá da cobrança de R$ 2,00 a R$ 3,50 mensais por animal rastreado.

Novo público

Com quase 13 milhões de seguidores nas redes sociais, o influenciador mineiro Gustavo Tubarão se aproxima do agro. Com o aplicativo AnunciAgro, gratuito, começa a conectar produtores rurais a prestadores de serviços como veterinários e agrônomos. “O campo sempre foi parte da minha história”, diz Tubarão, natural de Cana Verde (MG), onde começou a carreira retratando o cotidiano do campo. O projeto recebeu investimento de R$ 1,5 milhão e tem valuation de R$ 8 milhões.

Moratória da soja continua valendo até fim do ano

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aplicou a medida preventiva que suspende a moratória da soja a partir de 1.º janeiro de 2026. Até lá, segue válido o pacto multissetorial que proíbe a venda de soja produzida em áreas desmatadas na Amazônia após julho de 2008. O prazo abre espaço para que sojicultores, exportadores e indústria cheguem a acordo.

Esperada nova queda de venda do agro aos EUA Os dados de exportação de setembro devem ser conhecidos nesta segunda-feira. A expectativa é de que os embarques de produtos agropecuários aos Estados Unidos voltem a recuar, pressionados pela menor venda de café e carne bovina. Em agosto, primeiro mês de vigência do tarifaço de 50%, as exportações do agro ao mercado americano recuaram 17,4%.


Fonte: Estadão

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