Quase 60% dos profissionais de contabilidade não estão prontos para reforma tributária, diz pesquisa
São Paulo
Levantamento realizado pela consultoria IOB mostra que 58% dos profissionais da área de contabilidade consultados ainda não estão preparados para as mudanças trazidas pela reforma tributária. O número representa a soma de 41% que afirmam estar em fase inicial de preparação e 17% que precisam se aprofundar mais.
Os dados fazem parte da segunda edição da pesquisa “A opinião dos contadores brasileiros sobre a Reforma Tributária”, feita a pedido da Folha, que ouviu 347 profissionais de contabilidade de todas as regiões do país e foi realizada de maio a julho deste ano.
Sérgio Approbato, diretor de Negócios da IOB, afirma que o cenário é preocupante, pois a reforma começa a ser implantada em janeiro de 2026 e a maioria dos entrevistados (82%) reconhece que haverá mais demanda por serviços de contabilidade. Na primeira sondagem, feita de março a maio de 2024, 60% esperavam aumento de demanda.
“Conforme vai se aproximando da obrigatoriedade da aplicação da lei, o profissional começa a ficar mais consciente do que está acontecendo. Talvez ele não esteja ainda totalmente preparado, como já deveria estar”, afirma.
Approbato diz que, nos últimos meses, houve um aumento da procura por informações sobre a reforma voltadas para a atividade contábil. Para ele, quem estiver mais preparado “vai nadar de braçada” e, na medida em que o conhecimento sobre o sistema aumentar, esses profissionais vão ver os benefícios da nova legislação.
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“Toda a equipe precisa entender o que está acontecendo. É a preocupação que ele tem de ter se quiser continuar nessa atividade profissional.”
Segundo a pesquisa, 46% enxergam como positivas as mudanças, por representarem o início da correção de distorções tributárias e uma simplificação dos impostos. Em 2024, 40,8% dos entrevistados faziam a mesma avaliação sobre a nova legislação.
O diretor de Negócios da IOB afirma ver alguma resistência às mudanças radicais trazidas pela reforma nos procedimentos contábeis. “Essas mudanças vão trazer significativas melhoras. Só que existe a resistência inicial, mas vai ter que mudar, porque vamos estar muito mais integrados aos produtos e sistemas do governo.”
Ele afirma que a dependência maior das plataformas estatais também ajuda a explicar a apreensão de alguns contadores, diante do risco de uma queda nesses sistemas. “A única coisa que me preocupa hoje é isso, mas é claro que o governo deve estar se preparando.”
Do total de entrevistados, 49% são proprietários, 20% são gerentes ou coordenadores e 19% são analistas. Quase 70% dos escritórios consultados pela IOB têm até 20 funcionários e 14% são MEI (Microempreendedores Individuais).
A IOB é uma das consultorias que participam do piloto sobre o novo portal da reforma tributária e as primeiras impressões sobre o trabalho do governo são positivas. “Essa é uma nova realidade. O grau de sofisticação é uma coisa diferenciada. Não tem nenhum regramento igual no mundo todo. Vai ser uma referência mundial”, afirma Approbato. Ele afirma que o novo sistema representa uma mudança de cultura de trabalho e que é normal que exista alguma resistência dos profissionais da área em um primeiro momento. “À medida que a pessoa vai conhecendo, vai vendo os benefícios que a nova legislação trará.”
Fonte: Folha de São Paulo
