Haddad deve se encontrar com banqueiros e senadores para discutir aumento de IOF

BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se encontrar com banqueiros nesta quarta-feira, 28, para discutir o aumento de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado na semana passada pela equipe econômica. Ele também deve se reunir com senadores críticos à medida.

O ministro ainda não divulgou a agenda oficial, mas a expectativa é de que o encontro aconteça em Brasília. Procurada, a Fazenda não respondeu aos questionamentos da reportagem.

O encontro com os senadores ocorre em razão da apresentação de projetos de decreto legislativo (PDLs), tanto na Câmara quanto no Senado, para barrar o aumento do IOF.

O objetivo do líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), é apresentar os detalhes da medida aos parlamentares para evitar que a insatisfação cresça, com a mobilização do setor privado.

O racional é mostrar que, sem o aumento da arrecadação, haverá a necessidade de cortar alguma outra despesa – entre as quais emendas parlamentares, que poderiam perder até R$ 12 bilhões, segundo governistas.

Parlamentares da base aliada e também da oposição ouvidos pelo Estadão acreditam que o governo deverá ser levado a recuar ainda mais no IOF e creem que os projetos de decreto legislativo são instrumentos para pressionar o Planalto a rever a tributação.

A avaliação é que, se os textos forem levados à votação, o governo perde e a medida pode cair por inteiro. Por isso, haveria interesse também do Planalto em negociar.

Desde a última quinta-feira, quando o governo baixou o decreto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem ouvido relatos de senadores contra a medida. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deverá se reunir com líderes da Casa na quinta-feira, 29, para discutir o tema.

Representantes de importantes bancadas já se manifestaram contra o IOF, a exemplo do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), do mesmo partido de Motta – que publicou em suas redes sociais ser contra o aumento do imposto.

“O governo recuou em parte do maléfico pacote de aumento, mas a situação continua ruim e vamos continuar pressionando no Congresso”, afirmou Pereira.

Na última quinta-feira, o governo decidiu aumentar as alíquotas de IOF sobre planos de previdência privada (VGBL), sobre o crédito de empresas e também sobre operações de câmbio que atingem empresas e pessoas físicas.

Com as medidas, a Fazenda disse esperar uma arrecadação de R$ 20,5 bilhões neste ano e R$ 41 bilhões no ano que vem. Após repercussão negativa do mercado, a Fazenda recuou no aumento de do IOF a aplicações de fundos de investimentos no exterior, poucas horas depois do anúncio.

O Estadão apurou que Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta, estiveram com o presidente Luiz Inácio Lula no domingo e ouviram do mandatário que ele havia dado aval à proposta e que aprovou também o recuo da Fazenda na sexta-feira.

Ainda assim, na segunda-feira, 26, Motta postou em sua rede social contrariedade com a medida. Representantes da indústria, agronegócio, comércio, bancos e seguradoras defendem que o Congresso Nacional barre o aumento. Em manifesto antecipado pelo Estadão, as entidades afirmam que o aumento do imposto foi recebido com “preocupação” e representa aumento de custos para o setor privado.


Fonte: Estadão

Traduzir »