Correios, orçamento do Judiciário, pauta bomba no Senado: o problema fiscal não para de crescer
Consideremos três fatos recentes largamente noticiados pela imprensa. Os Correios candidamente pedem que o Tesouro Nacional organize e avalize um empréstimo de R$ 20 bilhões para poder encerrar 2025 e atravessar 2026. Evidentemente, esse empréstimo jamais será honrado pela empresa, que nem sequer paga as contas do mês.
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Ao mesmo tempo, o Judiciário solicita, também candidamente, um aumento de 25% nos seus recursos orçamentários, que o Senado rapidamente concede. Aparentemente, os salários do setor estão fortemente defasados.
Finalmente, nesta semana, o Senado, de forma espantosamente irresponsável, aprovou uma pauta bomba, por grande maioria, que garante aposentadorias super especiais para agentes comunitários de saúde, afetando orçamentos das três esferas de governo, cuja conta é estimada em até R$ 10 bilhões por ano.
Com essa pequena amostra, e considerando que 2026 é ano eleitoral, é razoável supor que a situação fiscal só tende a piorar, embora não leve necessariamente a uma explosão nos próximos dois anos. Mas a relação dívida/PIB seguirá se elevando.
A recorrente situação de crescentes pressões de gastos públicos exige alguma regra de controle (teto, arcabouço fiscal) e implica uma guerrilha permanente na busca de recursos e/ou postergação de despesas (que nunca são cortadas). Isso exaure as forças e os recursos políticos da área econômica e torna mais distante a discussão das vertentes e projetos de crescimento num mundo em constante mudança.
Tudo isso acaba resultando numa pressão sobre a inflação e a política monetária, de tal sorte que a taxa de juros no Brasil oscila entre elevada e muito elevada, travando investimentos.
Tudo isso acaba resultando numa pressão sobre a inflação e a política monetária, de tal sorte que a taxa de juros no Brasil oscila entre elevada e muito elevada, travando investimentos.
O cenário econômico do Brasil e do mundo e as implicações para o seu bolso, de segunda a sexta.
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Assim, não é surpresa que o crescimento do país seja medíocre e não sustentável. Sem resolver boa parte dos problemas velhos, somos afogados e surpreendidos por problemas novos, como o avassalador avanço do crime organizado e de muitas empresas duvidosas.
Isso tem ficado claro especialmente pela Operação Carbono Oculto e outras mais recentes, que mostram também o quão comum a sonegação e o litígio de má fé se transformaram em modelo de negócios de sucesso em nosso país.
********* A forte queda de preços das criptomoedas é outro indicador de que está cada vez mais difícil sustentar o “rally” do mercado americano.
Fonte: Estadão
