Setor imobiliário: ‘É fundamental que ciclo de alta na selic tenha fim o quanto antes’, diz Abrainc
A elevação da Selic também foi criticada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Segundo a entidade empresarial, a medida terá impacto no mercado imobiliário.
“É fundamental que o ciclo de altas na Selic tenha um fim o quanto antes, para não comprometer o crescimento econômico e a geração de empregos”, afirmou a associação, em nota. “Juros elevados restringem o acesso ao crédito, inibem investimentos produtivos e ampliam o custo da dívida para empresas e famílias”.
A associação empresarial disse ainda entender que a elevação da Selic pelo BC é uma forma de combater a inflação, mas ponderou que o Brasil já tem o quarto maior juro real do mundo e apontou uma nova alta aumentará ainda mais os desafios da economia brasileira.
Como a Selic é uma das variáveis consideradas pelos bancos para a concessão de financiamento da casa própria, a medida deverá impactar o crédito. “Ao tornar o crédito imobiliário mais caro, (esse nível de Selic) também compromete o acesso à moradia para milhares de famílias brasileiras”, ressalta.
A Abrainc afirma ainda que defende um controle efetivo dos gastos públicos como caminho para possibilitar a redução sustentável dos juros no médio e longo prazo. “Somente com responsabilidade fiscal será possível destravar investimentos perenes, estimular a atividade produtiva e criar um ambiente favorável ao crescimento econômico sustentável”.
No acumulado dos últimos 12 meses até janeiro, os lançamentos de imóveis no segmento de médio e alto padrão (com financiamento associado à Selic) subiram 5,5%, para 25.892 unidades no País, enquanto as vendas caíram 3,2%, para 41.568 unidades, de acordo com levantamento realizado pela Abrainc em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
A federação que representa os comerciantes varejistas do Estado de São Paulo, a FecomercioSP, disse em nota distribuída nesta quarta-feira, 7, que o aumento de 0,5 ponto porcentual da taxa básica de juro, a Selic, foi uma medida necessária.
“O aumento da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 0,5 ponto porcentual anunciado nesta quarta-feira, 7, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), é necessário. Trata-se, antes de tudo, de uma resposta do órgão à preocupante escalada da inflação mesmo em uma conjuntura de juros já elevados”, diz a federação na nota.
Ainda, diz a nota, “dados recentes, como a escalada de preços dos serviços, não davam outra opção ao comitê. Serviços intensivos em mão de obra registram uma média móvel anual de 6% de alta, enquanto os subjacentes estão em 4,5%. Particularmente sensíveis ao nível de atividade econômica e ao aumento da renda disponível pela população, esses dois segmentos refletem como a demanda continua aquecida no País”.
Para a entidade, isso acontece porque o mercado de trabalho permanece bastante ativo, mesmo com o aumento ligeiro da taxa de desemprego na última medição do IBGE, para 7%, no trimestre encerrado em março. “A consequência dessa conjuntura é a manutenção do consumo e da demanda por serviços, forçando o Copom a ajustar o descompasso consequente entre oferta e demanda. Ao fazer isso, o órgão ajuda a conter a inflação desse setor e, ainda, a evitar que o poder de compra da população seja afetado pela disparada dos preços. Mas não é só isso: o comitê ainda precisa lidar com o grave problema fiscal brasileiro. Na medida em que o governo não oferece sinais de que fará um ajuste mais austero das contas públicas, as dúvidas que pairam no mercado impedem que os juros caiam de forma mais acelerada e sólida”.
Fonte: Estadão