Brasil pode perder quase US$ 2 bilhões de exportação com guerra tarifária, aponta estudo da UFMG

O impacto da guerra tarifária entre Estados Unidos e China pode representar, até o momento, perdas nas exportações brasileiras de US$ 1,97 bilhão ou R$ 11,5 bilhões. O setor mais afetado deve ser a indústria, aponta um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Mesmo que a agropecuária brasileira tenha potencial de ganho nessa guerra tarifária por conta do aumento das exportações de soja, sobretudo para a China, com incremento de US$ 6,642 bilhões nas vendas externas, a indústria e os serviços deverão ficar no negativo, com reduções de US$ 6,409 bilhões e R$ 2,203 bilhões, respectivamente, aponta o estudo.

Apesar das réplicas e tréplicas de retaliações entre os dois gigantes, a projeção feita pelos economistas do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) da UFMG considerou as medidas tarifárias tomadas entre os dias 7 e 11 de abril. Isto é, a elevação das tarifas dos Estados para as importações chinesas de 145% e de 10% para os demais países; alta de 25% da taxação de automóveis e aço importados pelos EUA de qualquer país e a elevação de 125% da tarifa de importação da China a produtos dos EUA.

A simulação mostra que de 23 segmentos analisados no Brasil, apenas poucos teriam incremento nas exportações em razão da guerra tarifária, como sementes oleaginosas, vestuário, computadores, produtos minerais, derivados de petróleo, por exemplo.

O aumento das importações seria um movimento mais generalizado, com desdobramentos sobre produtos agrícolas e industriais porque as tarifas afetam preços internacionais. O estudo aponta desdobramentos negativos para a produção local da maioria dos setores, que seria afetada pelos deslocamentos dos fluxos internacionais de produtos.

Efeito reduzido no PIB

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O trabalho dos economistas da UFMG mostra que as medidas tarifárias teriam efeito muito pequeno no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, elevando em 0,01%, em razão do aumento das exportações de poucos produtos agrícolas e queda nos preços de importações. Entre os Estados brasileiros que poderiam sair ganhando com a guerra tarifária estão os grandes produtores de grãos como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul. Já São Paulo, com forte produção industrial, lidera a lista dos Estados perdedores, seguido pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais.


Fonte: Estadão

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