Taxar fundos de super-ricos pode aumentar demanda por produtos isentos, diz CEO da XP
Segundo Maffra, ainda há desafios para serem resolvidos, mas perspectiva é de otimismo
São Paulo
O CEO da XP, Thiago Maffra, afirmou que a tributação dos fundos exclusivos deve ter um impacto relativamente limitado para a indústria de fundos, uma vez que apenas investidores milionários têm condições de alocar recursos em veículos do tipo.
\”O Brasil é um país que tem uma tributação menor comparado a outros países na parte de investimentos. Então acho que isso vem para corrigir um pouco disso\”, afirmou o executivo durante participação em evento promovido pela XP nesta sexta-feira (1º), em São Paulo.
Na segunda-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou a medida provisória para taxar os rendimentos dos fundos exclusivos.
A MP prevê uma taxação de 15% a 20% sobre os rendimentos desses fundos duas vezes ao ano —cobrança conhecida no mercado financeiro como \”come-cotas\”.
Maffra afirmou que, em um cenário de taxação dos fundos exclusivos, é possível que ocorra um aumento da demanda por parte dos investidores endinheirados por produtos isentos de IR (Imposto de Renda), como as debêntures incentivadas, as LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).
Ele afirmou também que está otimista com o Brasil, frente às reformas que têm avançado em Brasília, como o arcabouço fiscal e a Reforma Tributária. \”O ministro [Fernando] Haddad tem tomado decisões corretas\”, disse Maffra, acrescentando que a preocupação que havia no início do ano por parte dos agentes financeiros em relação à direção econômica imprimida pelo governo \”vem se dissipando\”.
\”Têm alguns desafios ainda para serem resolvidos, mas a gente está superotimista. A gente acredita no Brasil entregando um PIB acima das previsões. Somos mais otimistas do que a média\”, afirmou.
Segundo ele, o potencial do país para o desenvolvimento da economia verde deve contribuir para a atração de recursos estrangeiros, com uma potencial valorização do real frente ao dólar.
\”O Brasil é a bola da vez\”, disse o executivo, lembrando que o país está bem posicionado frente aos pares emergentes para disputar a atenção dos investidores internacionais, tendo em vista a guerra entre Rússia e Ucrânia e as dificuldades econômicas enfrentadas pela China. \”A gente deve ter uma onda de alguns anos positivos para o Brasil\”.
Maffra disse ainda que, apesar do início do ciclo de corte de juros, o investidor pessoa física ainda deve demorar mais algum tempo até fazer um movimento mais consistente em direção às ações na Bolsa de Valores. Cortes adicionais na Selic serão necessários para atrair a atenção do varejo, afirmou o executivo. \”Obviamente, os investidores institucionais vão na frente.\”
Fonte: Folha de São Paulo