A guerra entre o futuro governo Lula e Nunes Marques
No mesmo dia em que visita o Supremo Tribunal Federal (STF), cumprimentando os ministros um a um, o futuro governo de Lula já declara guerra a um dos seus integrantes.
Ao trabalhar nos bastidores do Judiciário para suspender as indicações de 13 novos nomes para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), o futuro governo abre uma frente de batalha contra a influência do ministro Nunes Marques.
Marques é o mais fiel integrante do Supremo ao presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Foi sua primeira indicação para o STF e, vindo do TRF 1, ele mantém e exerce uma influência nas indicações feitas por Bolsonaro para o tribunal federal e para o Superior Tribunal de Justiça.
Há outro fator, mais comezinho, por trás dessa disputa. Flávio Dino, eleito senador e que possivelmente integrará o ministério de Lula, é muito próximo do desembargador federal Ney Bello, um desafeto de Nunes Marques e que foi preterido para uma vaga do STJ justamente por pressão de Nunes Marques sobre Bolsonaro.
Agora, independentemente das razões, políticas ou pessoais para essa disputa, uma coisa é certa: ao retirar das mãos de Bolsonaro essas indicações, o governo Lula evita que sejam nomeados para o TRF juízes que poderiam impor barreiras aos planos do próximo Executivo.
Pelo TRF1 passam questões importantes para o governo, envolvendo projetos de infraestrutura, por exemplo, questões administrativas relevantes para o governo federal.
Na última quarta-feira (9/11), o corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, suspendeu esse processo de escolha dos novos desembargadores federais. E é provável que o governo provoque o Supremo, tentando reverter essa decisão.
Agora, essa disputa contra Nunes Marques também é travada dentro do Supremo. Com ministros se articulando também para fazer frente às movimentações de Nunes Marques.
Felipe Recondo – Diretor de conteúdo em Brasília
Fonte: JOTA