Ciberataque no Brasil custa US$ 46 milhões e impacta resultado da Atento
Gabriel Baldocchi
O ataque cibernético sofrido no Brasil pela Atento, em outubro do ano passado, custou mais caro do que o imaginado à multinacional espanhola de call center, uma das cinco maiores do setor de atendimento a clientes no mundo. Após refazer as contas, o grupo agora avalia um impacto de US$ 46,1 milhões (cerca de R$ 230 milhões). Além do gasto para remediar a ação criminosa, foi contabilizada também a perda de receita causada pelo evento.
Por causa da nova conta, a companhia teve de rever os números do resultado de 2021 apresentados ao mercado e deixou ainda mais evidente o peso do ataque. As receitas da divisão brasileira encerrariam o ano com uma alta de 6% em 2021, sem considerar o incidente, para um total de US$ 603,6 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). A ação dos hackers, porém, fez com que o número ficasse em patamar semelhante ao do ano anterior, em US$ 568,8 milhões (R$ 2,85 bilhões).
A geração de caixa, medida pelo Ebtida (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), também foi duramente impactada na unidade local: fechou o ano em queda de 36,5% no ano, para US$ 46,7 milhões (cerca de US$ 230 milhões). Sem o efeito do ataque, subiria 26,2%, para US$ 92,8 milhões.
Ataque hacker também gerou implicações neste ano
A Atento tem hoje 150 mil funcionários nos 13 países em que atua. O Brasil representa cerca de 40% da receita anual, de cerca de US$ 1,45 bilhão (R$ 7,26 bilhões) em 2021. No ano passado, o grupo registrou prejuízo de US$ 46,3 milhões (R$ 230 milhões). O ataque também gerou implicações neste ano. A empresa teve de reduzir a projeção da margem Ebtida para 2022 de algo entre 14% e 15% para 13% e 14%, por eventuais efeitos residuais da ação dos hackers.
O número de empresas vítimas de ciberataques não para de crescer no País. A lista inclui nomes como Fleury, CVC e Embraer. O Brasil já é hoje o quarto maior alvo de tentativas de ramsoware (software malicioso que sequestra dados), tipo mais comum de ataque, com 33 milhões de tentativas, segundo dados da SonicWall.
Fonte: Estadão