Empresas de publicidade digital reforçam coro contra projeto das fake news
Setor afirma que proposta discutida na Câmara pode tornar inviável modelo de negócios
São Paulo
Empresas que cresceram com o avanço da publicidade digital nos últimos anos se articulam para engrossar a pressão dos gigantes da tecnologia contra o projeto de lei da Câmara dos Deputados que muda as regras do setor e busca combater a desinformação na internet.
O IAB Brasil, associação que têm entre os filiados as principais plataformas, grandes anunciantes, agências e grupos de comunicação, diz que o projeto pode tornar inviável o modelo de negócios de muitas agências.
Para o grupo, o projeto impedirá a veiculação de anúncios dirigidos a consumidores com perfis segmentados ao vedar o compartilhamento de dados de usuários das redes com outras empresas. Em 2020, a publicidade digital movimentou R$ 23 bilhões, dos quais 90% destinados a anúncios desse tipo.
Outro artigo, que obrigaria as plataformas a divulgar informações sobre propaganda política nas redes, poderá expor ferramentas usadas para segmentar usuários que também servem para outros tipos de anúncio, o que colocaria em risco estratégias comerciais de agências e seus clientes, diz o IAB Brasil.
O grupo iniciou nesta semana coleta de apoios para um abaixo-assinado contra o projeto, aprovado terça-feira (7) por um grupo de trabalho criado pela Câmara para discutir texto aprovado pelo Senado em 2020. A proposta sofreu várias alterações e foi encaminhada para votação no plenário da Câmara, o que só deve ocorrer em 2022.
Para Ivar Hartman, professor do Insper que participou dos debates sobre o projeto na Câmara, dispositivos como os criticados pelas agências são essenciais para dar transparência às plataformas e impedir mau uso de dados dos usuários e contribuiriam para evitar concentração econômica no setor.
Fonte: Folha de São Paulo